Sunday 11 November 2012

Ambiguidade Polissêmica


A ambiguidade polissêmica ocorre quando os vocábulos apresentam um ou mais significado, ou seja, devido a uma polissemia lexical que se refere á multiplicidade de sentidos de uma única palavra. Ela pode ser evitada pelo esclarecimento maior do contexto, ou pela substituição do vocábulo polissêmico por outro de sentido equivalente.

Observe o exemplo a seguir:
















No caso da tirinha, a palavra "torcer" faz com que a frase adquire um sentido ambíguo polissêmico. 
Ao pesquisar no dicionário, encontramos 25 significados para a palavra torcer. 
No contexto da tirinha, as duas possibilidades presentes são:

 1 Fazer girar (no caso, a tampa);
25 Desejar a vitória de um grupo desportivo, gesticulando, gritando etc.


O exemplo citado possui efeito humorístico, sendo criado de forma intencional. Contudo, esse tipo de ambiguidade também ocorre sem a intenção da duplicidade de sentidos.

Observe a frase:

 Eu vou te esperar naquele banco.

a. sentido 1 = banco de sentar;
b. sentido 2 = banco instituição financeira.

No caso desta frase, a falta de uma maior informação gera a ambiguidade. Depende-se apenas do contexto para que o sentido apropriado seja entendido por parte de quem a recebe. 


Ambiguidade visual

São imagens nas quais vemos coisas diferentes, conforme o enfoque. Com tais imagens, deve-se procurar sempre algo a mais do que o primeiro olhar nota.
É bem interessante, e mostra como a ambiguidade pode estar presente em textos não verbais também!







Ambiguidade Semântica


Esta ambiguidade não é gerada pelos itens lexicais e nem na estrutura da sentença, mas sim pelo fato de os pronomes poderem ter diversos antecedentes.
Analise os exemplos a seguir:
Encontrei João correndo no vale.
Não fica claro na sentença quem corria no vale, João ou eu?
A cachorra da sua namorada me atacou.
Neste exemplo nos dá a entender que o enunciador está propondo um xingamento à namorada, ou pode nos dar a entender que o cachorro de estimação da namorada do interlocutor o atacou.  Isso acontece devido ao termo cachorra e ao pronome sua, fazendo com que haja uma duplicidade no sentido da frase.
A ambiguidade semântica ocorre quando um termo pode ter influência sobre outro ou em outros elementos de uma sentença, dando ambiguidade á oração.
Alguns fatores linguísticos são apontados como responsáveis pelo fenômeno desse tipo de ambiguidade:
- Uma sentença aceita duas construções sintáticas diferentes;
- Há diferentes correferências possíveis para o mesmo pronome;
-Há casos de homonímia lexical;
- Há duvidas no emprego de uma expressão, saber se ela foi utilizada ou não como uma frase feita;
- Ficamos incertos em considerar uma palavra em seu sentido denotativo ou conotativo. 

Ambiguidade x Anfibologia

A ambiguidade e a anfibologia ocorrem quando há uma duplicidade de sentido em uma construção sintática. Ou seja, quando há mais de uma interpretação, o enunciado poderá ser ambíguo ou anfibológico.
Em nossas pesquisas, não achamos tantas diferenças entre esses dois termos. O que realmente os difere é que quando uma frase construída adquire duplicidade de sentidos de forma não intencional, dá-se o nome de vícios de linguagem; enquanto a anfibologia passa a ser chamada de falácia (argumento logicamente inconsistente).
Uma vez que a anfibologia ou a ambiguidade está estreitamente associada à sintaxe, isto é, à posição e organização das palavras dentro de um enunciado, à relação delas entre si e, de um modo geral, à construção das frases, a ocorrência dessa falácia ou desse vício de linguagem assumirá diferentes formas de acordo com a língua de que se trate, pois cada idioma possui sua própria estrutura e sua sintaxe.

Exemplos
1) Uso de sujeito posposto a verbo que seja transitivo direto: Venceu o Brasil a Argentina - Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Argentina?
2) Uso de pronome possessivo na terceira pessoa - "seu", "seus", "sua", "suas" - (é um uso que, se o escritor não estiver atento, frequentemente produz ambiguidade): Meu pai foi à casa de José em seu carro - No carro de quem, de José ou do pai?
3) Uso de certas comparações: Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no Cruzeiro. - O que acontecia no Cruzeiro? O autor da frase quis equiparar os jogadores do Cruzeiro aos do Vasco ou, ao contrário, quis fazer uma oposição, afirmando que os cruzeirenses levavam os treinos a sério, diferentemente dos vascaínos?
4) Uso da preposição "de" em certos casos entre dois substantivos - as preposições também são frequentemente fonte de ambiguidade: Onde está a cadela da sua mãe? - Está-se referindo à cadela que pertence à mãe ou está-se a insultando?
5) Uso do verbo deixar: João deixou as pessoas felizes. - João deixou felizes as pessoas ou deixou as pessoas que eram felizes?

(Exemplos retirados do wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfibologia)

Vídeo-aulas


Há vídeo-aulas na internet que possibilitam o entendimento sobre polissemia e ambiguidade. Os vídeos na maior parte vão direto ao assunto e são curtos. Os professores explicam de maneira clara e objetiva, facilitando o entendimento.
Não são aulas cansativas, em podem ser consideradas como “complementares” pra quem ainda sente duvidas em relação a este assunto.

Vale a pena conferir! 



Saturday 10 November 2012

Vídeo - Tolerância Zero

Neste vídeo, do programa da Rede Globo "Zorra Total", Seu Saraiva, interpretado por Francisco Milani, faz uso de ironias para expressar sua indignação com as perguntas feitas por seu colega.

Note que, em outro contexto, sem a presença do vídeo, apenas com a vozes, as ironias poderiam passar despercebidas. Mas, como vemos as expressões corporais e faciais e sentimos a alteração do tom de voz de Seu Saraiva, percebemo-nas. O quadro todo se baseia nas ironias para efeito de comicidade.


Vídeo - Trocadilhos/Ambiguidade

Neste vídeo, da dupla Marcius Melhem e Leandro Hassum, podemos observar, principalmente, dois tipos de vício de linguagem: a cacofonia e a ambiguidade.

Lembrando que a cacofonia é um som obsceno formado pela união de sílabas de palavras contíguas.


Apresentação


Projeto de Semântica e Pragmática para a disciplina Atividades Práticas Supervisionadas.

Docente: Luiz Fernando Silveira
Curso: Semântica e Pragmática

Objetivo Específico: Explorar as características semânticas das causas e dos usos da ambiguidade em seu uso.

Justificativa: Este projeto se baseia na recorrência, proposital ou não, da ambiguidade nas várias situações cotidianas. 

Metodologia: Este trabalho foi realizado a partir de conhecimento adquirido nas aulas de Semântia e Pragmática, juntamente com pesquisas e discussões em grupo.

Introdução

Ambiguidade é a possibilidade que uma oração tem de possuir mais de um sentido.

Também chamado de anfibologia (de "anfíbios", animais que vivem tanto na água quanto na terra), este vício de linguagem, juntamente com as gírias, estrangeirismos, cacofonia e pleonasmos, fazem parte do cotidiano de todas as pessoas. Hoje em dia, não há quem não construa uma frase sem fazer uso de um ou mais vícios de linguagem: eles são marcas da nossa sociedade e da nossa época, e estão gravados no nosso subconsciente. 

A ambiguidade é propositalmente usada em frases de efeito e em propagandas, apostando no conhecimento de mundo dos leitores para que percebam a piada e fiquem com o produto gravado no subconsciente.

Já no âmbito acidental, a ambiguidade costuma aparecer em manchetes má estruturadas, em jornais e revistas.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, exploramos as características semânticas da ambiguidade e analisamos a causa do duplo sentido, sua propositalidade ou não e como acabar com o vício da língua.

Ambiguidade Sintática (Estrutural)

A ambiguidade é um fenômeno linguístico que desencadeia uma segunda possibilidade de interpretação de um enunciado. Esse fenômeno pode ocorrer a partir de algumas características que dividem a ambiguidade em quatro tipos diferentes. São elas: a ambiguidade semântica, fonológica, sintática e lexical. A ambiguidade sintática está relacionada à maneira como os elementos internos de um enunciado se combinam e geram a possibilidade de mais de uma estrutura sintática possível.
Esse tipo de ambiguidade é o mais criticada pelos professores, pois sua origem muitas vezes é inconsciente e não proposital, de acordo com a vontade do autor. Mostraremos mais a frente justamente essas duas visões que ocorrem na ambiguidade, o uso inconsciente e o proposital.

  • Ambiguidade Sintática Como Recurso Estilístico
A ambiguidade é muito mais do que apenas um erro que surgiu ao acaso. Ela também pode ser proposital, de acordo com a vontade do autor, se tornando uma ferramenta para atingir um efeito de sentido. Nesse caso, a ambiguidade se torna um recurso estilístico.
O recurso estilístico da ambiguidade é utilizado em vários gêneros textuais e literários, e se destaca bastante em gêneros humorísticos como a piada, sátira, trocadilhos, comédia, enigmas e a propaganda, onde a ambiguidade se torna um dos seus principais instrumentos para chamar atenção do interlocutor para a mensagem.

  • Ambiguidade Sintática Como Erro Gramatical
A ambiguidade também é um fenômeno linguístico que proporciona ao sujeito-leitor má interpretação de uma frase, texto ou oração e também, em outros casos, apenas causa humor (quando feita em piada).
Conforme a palavra que for usada, pela má organização de ideias numa frase, pela inadequação ao contexto gera-se duplicidade de sentido fazendo com que muitas vezes haja má interpretação do discurso.

Exemplo: "Eu amo mais você do que eu!"
Sabe-se que o pronome "eu" exerce a função sintática de sujeito. A primeira ocorrência dele na frase está, então, certa: "Quem é que ama?" Resposta: "eu"; o sujeito agente da ação de "amar".
A segunda ocorrência, porém, está inadequada aos padrões cultos da língua, pois, da maneira como está apresentada, tem-se novamente um sujeito, mas não é essa a intenção do autor da música. O que ele quis transmitir foi que ele ama determinada pessoa mais do ele ama a si mesmo. Usando a primeira pessoa do singular:

  1. Eu amo mais você do que eu me amo ou
  2. Eu amo mais você do que eu amo a mim mesmo.
 Resumindo: "Eu amo mais você do que me amo!" "Eu amo mais você do que a mim!"

Para concluir gostaria de deixar um lindo poema sobre a ambiguidade, escrito por Carlos Drummond de Andrade, entitulado “A verdade dividida”.

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

  • Exemplos de Ambiguidade Sintática
Pedro pediu a José para sair.
- Neste caso, a ambiguidade não nasce de uma palavra de duplo sentido, mas, sim, da própria estrutura da frase. Que ideia a frase expressa: a) Pedro pediu permissão a José para sair um pouco ou b) Pedro pediu a José que fizesse o favor de sair um pouco?

O advogado disse ao réu que suas palavras convenceriam o juiz.
- As palavras de quem convenceriam o juiz: do réu ou do advogado?

Crianças que comem doce frequentemente têm cáries.
- A posição do adjunto adverbial complica tudo na frase: as crianças têm cáries porque comem
doce com frequência ou há mais probabilidade de ocorrerem cáries em crianças que comem doces?

Pedro encontrou a senha do cartão de crédito que ele tinha perdido.
O exemplo dado é uma ambiguidade sintática. Afinal, Pedro perdeu a senha ou o cartão? Podemos resolver a confusão com o uso de parênteses. Observe:
Pedro encontrou a senha (do cartão de crédito que tinha perdido).
Pedro encontrou (a senha do cartão de crédito) que ele tinha perdido.

Recursos da ambiguidade


A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. É uma figura de palavra e de construção. E há recursos que possibilitam o enriquecimento de seu uso em determinados contextos, ou que poderá levá-lo a ser visto como um vício de linguagem, decorrente muitas vezes, da má colocação das palavras dentro da frase.

Assim como mostra, por exemplo, a matéria da Uol sobre ambiguidade sendo utilizada como recurso estilístico:

“A ambiguidade, contudo, nem sempre é um erro de expressão ou um vício de linguagem. Em literatura, o texto pode ser polissêmico, ou seja, apresentar multiplicidade de sentidos. 

O professor Berthold Zilly, tradutor de Machado de Assis na Alemanha, cita, em uma entrevista, exatamente essa qualidade do texto machadiano: “Ele [Machado de Assis] é notório pelas suas expressões e frases ambíguas. Há pouco, por exemplo, estive refletindo sobre uma frase do livro [Memorial de Aires]. O narrador diz: ‘Já tenho embarcado e desembarcado muitas vezes, devia estar gasto. Pois não estou’. O que ele quer dizer com ‘gasto’? Acostumado, cansado, insensível – acho que é por aí. Mas não é o sentido normal da palavra, não é o convencional. E ele reiteradamente usa palavras fora do seu sentido convencional. Praticamente a cada duas frases há uma dificuldade semelhante. Não se sabe também 100% o que ele quer dizer, há várias interpretações.”


O que nos mostra também que é necessário haver por parte do leitor, conhecimento de mundo, capacitando-o para compreender o significado (ou o mais próximo disso) que o autor quis expressar através de seus argumentos. O conhecimento prévio facilita o entendimento do leitor sobre o assunto em pauta, fazendo-o compreender a linha de raciocínio do autor, rompendo a ambiguidade presente.

A ironia também é um dos recursos utilizados na ambiguidade, já que toda ironia torna-se ambígua por ser carregado de uma duplicidade de sentidos (o que não quer dizer que toda ambiguidade seja irônica).

De acordo com o dicionário, ironia significa:
1.Expressão ou gesto que dá a entender, em determinado contexto, o contrário ou algo diferente do que significa.
2. Atitude de quem usa expressões ou gestos irônicos.
3.Sarcasmo.
4.Acontecimento ou resultado totalmente diferente do que eram as expectativas.


Ou seja, a ironia é um instrumento que utilizamos para dizer o contrário daquilo que se pensa, muitas vezes para zombar de alguém ou de alguma coisa, visando sempre uma reação do outro. Ela é um recurso estilístico muito utilizado em gêneros como a piada e a charge, e também podemos percebê-la na publicidade.

E hoje em dia, com o avanço da tecnologia, podemos encontrar muitas tirinhas e charges contendo ambiguidades irônicas circulando em redes sociais que fazem parte do dia-a-dia de muitos jovens.
Observe exemplos retirados de uma das redes sociais, o Facebook:








Novamente é necessário que haja um conhecimento prévio por parte do leitor, para que ele possa suprir a expectativa imposta a ele.
Quando se trata de charges (que retratam algo presente em determinado contexto cultural, econômico e social), por exemplo, para que o leitor compreenda o que está querendo ser passado, seja de forma humorística ou crítica, é preciso que ele esteja ciente do tema que está sendo abordado.

Observe a charge a seguir:




É preciso que haja por parte do leitor um conhecimento prévio sobre assuntos relacionados ao governo brasileiro (notícias que evidenciaram vários desvios de dinheiro público), e sobre a palavra “poupança”, que possui uma duplicidade de sentidos.

Segundo o dicionário, poupança significa:
poupança pou.pan.ça sf (de poupar) 1 Ação ou efeito de poupar ou de economizar. 2 fam Economia exagerada; sovinice.

Mas há outro significado, que até mesmo pesquisando em dicionários informais, pude encontrá-lo: 
2. Poupança Bunda. Termo educado muito usado pelos Trapalhões na década de 80, para não falar bunda ao vivo.
Ontem eu caí e agora estou com uma dor na poupança.

Poupança
sf.
1. Ação de poupar dinheiro.
2. Gasto moderado.
3. Característica de quem não gosta de gastar; SOVINICE.
4. Econ. Parte da renda individual ou nacional que não é gasta em consumo.
5. Bras. Caderneta de poupança: Foi ao banco e abriu uma poupança.
6. Inf. Pop. Nádegas: "Vai entrar na dança, vai usar a poupança..." (Gabriel o Pensador, Nádegas a declarar)



Bem, outro recurso que pode ser ambíguo, é o sarcasmo.
De acordo o dicionário, sarcasmo significa:

1 Ironia ou zombaria mordaz e cruel. 2 Figura de retórica, que consiste em empregar esta espécie de escárnio para afrontar ou ofender pessoas ou coisas.


Como pôde perceber, ele está intimamente ligado à ironia, diferenciando-se apenas por ser mais “ácido”, quase cruel. O sarcasmo é sempre mais picante e provocador, enquanto a ironia é uma simples contradição voluntária, com intuito menos áspero e feroz.
A origem da palavra está ligada ao fato de muitas vezes mordermos os lábios quando alguém se dirige a nós com um sarcasmo mordaz.
Assim como a ironia, podemos encontrá-lo na forma humorística, ligado ao humor negro que possui temas mais macabros e preconceituosos.
Observe os exemplos a seguir:





Um ateu no bosque
Um ateu estava passeando em um bosque, admirando tudo o que aquele "acidente da evolução" havia criado. - Mas que árvores majestosas! Que poderosos rios! Que belos animais! Lá ia ele dizendo consigo próprio. À medida que caminhava ao longo do rio, ouviu um ruído nos arbustos atrás de si. Ele virou-se para olhar para trás. Foi então que viu um corpulento urso-pardo caminhando na sua direção. Ele disparou a correr o mais rápido que podia. Olhou, por cima do ombro, e reparou que o urso estava demasiado próximo. Ele aumentou mais a velocidade. Era tanto o seu medo que lágrimas lhe vieram aos olhos. Olhou, de novo, por cima do ombro, e, desta vez, o urso estava mais perto ainda. O seu coração batia freneticamente. Tentou imprimir maior velocidade. Foi, então, que tropeçou e caiu desamparado. Rolou no chão rapidamente e tentou levantar-se. Só que o urso já estava em cima dele, procurando pegá-lo com a sua forte pata esquerda e, com a outra pata, tentando agredí-lo ferozmente. Nesse preciso momento, o ateu clamou: - Oh meu Deus!.... O tempo parou. O urso ficou sem reação O bosque mergulhou em silêncio. Até o rio parou de correr.
À medida que uma luz clara brilhava, uma voz vinda do céu dizia: - Tu negaste a minha existência durante todos estes anos, ensinaste a outros que eu não existia, e reduziste a criação a um acidente cósmico. Esperas que eu te ajude a sair desse apuro? Devo eu esperar que tenhas fé em mim? O ateu olhou diretamente para a luz e disse: - Seria hipocrisia da minha parte pedir que, de repente, me passes a tratar como um cristão, mas, talvez, possas tornar o urso um cristão?! - Muito bem - disse a voz. A luz foi embora. O rio voltou a correr. E os sons da floresta voltaram. E, então, o urso recolheu as patas, fez uma pausa, abaixou a cabeça e falou: - Senhor, agradeço profundamente, por este alimento que me deste e que agora vou comer. Amém.



Ceguinho e o Maneta
O ceguinho e o maneta eram mendigos. Ficavam nas escadarias da igreja pedindo esmola. Os dois não se bicavam pois eram rivais na disputa pela caridade. Um dia, sai uma mulher muito boazuda, muito gostosona da igreja. O maneta resolve tirar uma da cara do ceguinho: - Minha nossa! Tá saindo uma mulher tão boazuda da igreja, que só "vendo"! Tem umas pernas, umas coxas, que pela madrugada! E o ceguinho não deixa pra menos:
- Passa a mão nela, passa!
Dinho chegando no céu
O Dinho chegou no céu e encontrou o Senna com o disco dos Mamonas. Aí o Senna viu ele e pediu: - O Dinho, me dá um autógrafo no disco? Ele respondeu: - Ah, não. Tô sem cabeça pra isso!


A ironia e o sarcasmo estão presentes na ambiguidade, e são muito utilizados como recursos estilísticos. Podemos percebê-los principalmente na literatura, como fonte de enriquecimento ao trabalho elaborado pelo autor.

Mas não são recursos que vemos sendo utilizados apenas em obras literárias, na publicidade, ou na área humorística e crítica. Elas estão presentes no nosso dia-a-dia, em conversas simples com os próprios pais. Afinal, quem aqui nunca ouviu um “Bonito, não?!”, de sua própria mãe ao “aprontar” alguma coisa?
Com certeza não foi realmente um elogio, ela estava sendo irônica.
E em algum momento, nos deparamos com alguém sarcástico, e até “soltamos” algumas frases ambíguas.


Bibliografia